quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Introdução a ciência Psicológica. Estabelecimento da Psicologia como Ciência

Introdução: No sentido etimológico, a psicologia seria a ciência da alma ou o estudo da alma. Teles (2003) define a psicologia como a ciência que busca compreender o homem e seu comportamento, para facilitar a convivência consigo próprio e com os o outro. “Pretende-se fornecer subsídios para que ele saiba lidar consigo e com as experiências de vida.” (pág. 9). Como destaca Figueiredo (2005) psicologia não existe no singular. O que há são inúmeras maneiras de conceber o campo do “psicológico” e outras tantas maneiras de se inserir nesse campo, intervindo nele, praticando “psicologia”.

Desde o começo do desenvolvimento da humanidade, o homem tem se preocupado em conhecer cada vez mais ampla e profundamente o seu mundo, com vista a domina-lo e transformá-lo. Nenhum fenômeno escapa ao seu interesse, incluindo ele mesmo.
O conhecimento sobre o próprio homem resulta ser um processo sumamente complicado, pois se enfrenta a um fenômeno cujas manifestações alcançam um nível de organização tal que requere, sem perder de vista o homem como um todo, seu tratamento particular, delimitando-se assim campos ou sistemas de conhecimentos sobre as distintas facetas ou manifestações do ser humano. Por exemplo, a Fisiologia humana, a Antropologia, a Sociologia entre outras.
O  universo das manifestações humanos que se produzem no processo de interação entre o homem e o seu mundo, sempre tem constituído fonte de interesse um grupo de questões: Como o homem pode conhecer o mundo que lhe rodeia? Como pode conhecer-se a si mesmo? Porque as mesmas circunstâncias ou acontecimentos provocam estados e respostas diferentes nas pessoas? Como explicar que o homem consiga criar algo novo? O que impulsa a actuar? A lista de perguntas seria praticamente interminável, pois o homem, desde sempre se formulava estas interrogantes e tem abordado as possíveis soluções a eles. Ao mesmo tempo se foi levantando novas inquietações com respeito a seu mundo espiritual.
Quando nos referimos ao que o homem sente, percebi, recorda, pensa,  imagina, teme, deseja aspira, etc., nos estamos dando lugar ao tratamento dos fenômenos da psique humana. O ramo do conhecimento que se ocupa de todo relacionado com os fenômenos da psique é a Psicologia.
Os conhecimentos psicológicos são tão antigos como o próprio homem ( o primeiro sistema de conhecimentos psicológicos encontramos já na antiguidade no tratado de Aristóteles “ Sobre a alma”), mas a Psicologia não era Ciência independente até a segunda metade do século XIX. Antes de estabelecer-se a Psicologia como ciência independente, era considerada uma disciplina filosófica, apesar da acumulação dos conhecimentos psicológicos teve lugar em muitos campos do trabalho intelectual da humanidade.
Porque se estabelece a Psicologia como ciência independente nesta época? A explicação a esta interrogante a encontramos em dois (2) factores fundamentais:: económico-sociais e lógico-científicos.
Factores Económico- sociais
Os avanços da Psicologia em todas as épocas têm sido dependentes directamente das necessidades da prática social. Sua própria transformação em ciência independente foi estimulada pelas necessidades práticas da produção capitalista, que exigia a utilização mais efectiva do “ factor humano”. Com o florescimento do capitalismo, com vista aperfeiçoar o desenvolvimento do processo produtivo, era necessário também aperfeiçoar a preparação da mão-de-obra qualificada que exigia o novo nível alcançado pela produção. Se impuseram, portanto, tarefas que não podiam ser feitas sem desenvolver o estudo do homem em todos os seus aspectos, incluindo o psicológico.
 Por todo isso é que na segunda metade do século XIX, como nível de desenvolvimento alcançado pela introdução capitalista, se dão as condições objectivas de carácter económico-social que impulsiona o desenvolvimento dos conhecimentos psicológicos até o nível necessário para assentar as bases da construção da Psicologia como um sistema de conhecimentos psicológicos.
A análise dos factores económico-sociais demonstra que  a ciência rompe activamente a vida social e modifica suas formas, mas não constitui de nenhum modo uma força situada em cima da sociedade; ao contrário, engendra com ela, reflecte as necessidades e as tendências do desenvolvimento social. Esto se torna evidente no surgimento e desenvolvimento da Ciência psicológica e acontece o mesmo para todas as Ciências.

Factores lógico- científicos
Apesar do surgimento e desenvolvimento de todas ciências( incluindo a Psicologia), as mesmas estão submetidos  acção dos factores  económico-sociais, estes não esgotam por si só a explicação do surgimento e desenvolvimento das disciplina cientificas. Sem divorciar-se das condições histórico-sociais concretas, o desenvolvimento da ciência obedece também a leis próprias, está submetido a factores de carácter lógico-científicos que exercem uma influência decisiva.
Nenhuma disciplina científica pode existir isoladamente. O desenvolvimento de uma ciência não seria possível se ficasse alheia ás demais ciências. Esto tem maior transcendência quando se trata do surgimento de uma nova ciência, que no pode converter-se em tal a partir de si mesma pelo seu insuficiente desenvolvimento e portanto é imprescindível nutrir-se de fundamentos mais significativos de outros campos do conhecimento cientifico que por sua proximidade de objecto e método lhe podem servir de suporte para seu próprio desenvolvimento.
A Psicologia se estabelece como ciência a partir de toda uma serie de feitos científicos em outras ciências que influenciaram notavelmente em seu desenvolvimento, factos que constituíram as premissas científico-naturais da Psicologia. Estas premissas se produziram em cinco líneas fundamentais de desenvolvimento de trabalhos científicos: trabalhos da Fisiologia Experemental; trabalhos de Séchenov;  Criação da Teoria evolucionista de Darwin; estudos de Galton sobre diferenças individuais e estudos sobre a realidade psíquica por psiconeurólogos franceses.
Referências
Maura, V.G., Simons, D.C.,Llorca, M. D. C.,Sánchez, M. R., Angulo, M.M., & Mato, D.P. (2008). Psicologia para Educadores. Habana ,Editorial: Pueblo y Educación
ampos, R. H.de F. (1996). Em Busca de um Modelo Teórico para o Estudo da História da Psicologia no Contexto Sociocultural. Coletâneas da ANPEPP. São Paulo: EDUC, 1, n.15.

Eizirik, Marisa F. Psicologia Hoje: uma análise do que-fazer psicológico. Psicologia, Ciência e Profissão. CFP, a.8. n. 1, 1988. 

Figueiredo, Luis Cláudio. Prefácio. In: Jacó-Vilela, Ana Maria; Ferreira, Arthur A. L.; Portugal, Francisco T. (orgs.). História da Psicologia: rumos e Percursos. Rio de Janeiro: NAU Ed., 2005. 

Figueiredo, Luis Cláudio e Santi, Pedro Luis Ribeiro. Psicologia: uma (nova) introdução. São Paulo: EDUC, 2004.

Gomide, P. I. C. (1988). A formação acadêmica: onde residem suas deficiências? In Conselho Federal de Psicologia (Org.), Quem é o psicólogo brasileiro? (pp. 69-85). São Paulo: Edicon.

Myers, David. Introdução à psicologia Geral. Rio de Janeiro: LTC, 1999.

Teles, Maria Luiza S. O Que é Psicologia? São Paulo: Brasiliense, 2003. (coleção primeiros passos.).


925 294 476
Zanella, Andréia Vieira. Psicologia Social e Escola. In: Strey, Marlene Neves...[et al.]. Psicologia Social Contemporânea: livro-texto. Petrópolis: Vozes, 1999.

Fonte: 
http://artigos.psicologado.com/psicologia-geral/introducao/introducao-a-psicologia#ixzz2hQqtD9uz 
Psicologado - Artigos de Psicologia 

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